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Fluxo de Pessoas = Fluxo da Arte

As visitas e interações no Centro Cultural Ouvidor 63 deixaram claro um dado curioso: muitos artistas e residentes são imigrantes. Não há um dado com exatidão de quantas pessoas e de quais nacionalidades integram a Ouvidor, mas a troca cultural que acontece ali é evidente. Segundo os dados das entrevistas que integram a primeira edição da revista MIRA, em sua grande maioria os artistas são latino americanos. Além de brasileiros também há argentinos, peruanos, venezuelanos, colombianos e paraguaios.


Segundo Relatório da OBMigra lançado em dezembro de 2021 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, residem no Brasil atualmente cerca de 1,3 milhão de imigrantes e refugiados, principalmente oriundos de nações vizinhas.


Haitianos e venezuelanos encabeçam como as nacionalidades com maiores índices de imigração ao Brasil, lembrando que há ações de acolhida humanitária às pessoas originárias desses países. Também para formalizar a estada dos imigrantes no fluxo no sul do continente há algumas políticas como o Acordo de Residência para pessoas nacionais de países que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e associados, garantindo aos imigrantes o direito à seguridade social, assim como também ao trabalho em território brasileiro, o que pode ter sido um estímulo em certo grau para que mais pessoas migrassem com destino ao Brasil.


Em entrevista ao Brasil Post e disponibilizado pelo Guia do Estudante em 2017, a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina (FASM) Rita de Cássia do Val Santos afirma que, diferente dos países europeus, o Brasil segue uma abordagem humanitária de acolhimento das pessoas advindas de outros países. Isso porque o Brasil segue em discussão com projetos que facilitem a formalização dessas pessoas em seu território enquanto os países europeus usam de poder militar para evitar a entrada dos imigrantes e refugiados.


A história do Brasil é marcada pela entrada de pessoas de outras nacionalidades ao seu território. Desde sua ocupação forçada tem contato com culturas diferentes. Hoje, mais de cinco séculos se passaram e continua sendo destino para que as pessoas tentem recomeçar suas vidas, estabelecer suas famílias ou até mesmo em busca de viver novas experiências, tendo em vista a atual conjuntura global e são diversos fatores que corroboram para que esse fenômeno aconteça.


A arte, além de ser uma forma de expressão, manifestação estética, opinião e ato político, entre muitas outras justificativas, também tem função documental. A produção artística conta a História do Brasil, e a importância de preservar é tão indispensável que há inúmeros museus para essa finalidade. Não foge ao caso o fluxo migratório no Brasil, que conta com o Museu da Imigração no estado de São Paulo que preserva, arquiva e protege esses documentos.


Entretanto, é importante considerar: a arte acontece ao nosso redor, é viva e está também nas ruas. A essa devemos dar uma atenção especial, pois envolve de forma mais próxima as pessoas tão fixadas na rotina, por vezes cegas e inertes ao que acontece ao lado. A cultura brasileira é uma complexa combinação de vivências e, antes de ser encontrada em instituições, é encontrada fundamentalmente nas pessoas.

 

Texto: Amanda Raiol

Foto de capa: Lambe-lambe em parede do prédio do Centro Cultural Ouvidor 63 por Amanda Raiol


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Porque Mira é relevante?

MIRA é necessário como forma de mostrar em uma plataforma como a parceria entre a UNIFESP e a Ouvidor gerou frutos que ascendem para debates sobre arte e seu espaço, além de instigar a curiosidade e criatividade dos envolvidos, tanto alunos quanto artistas. Reunir e registrar esses encontros e trabalhos é alçar para perpetuidade esse projeto que demandou muito suor dos criadores: a arte tá na MIRA!

Amanda Raiol

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