Por que apreciamos mais as artes em museus?
- MIRA.adm
- 24 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Independente de onde se encontra, a arte tem um papel fundamental na sociedade. Por meio dela utilizamos os mais variados recursos e estilos para transpassar uma ideia: ironia, figuras de linguagem e plataformas, por exemplo. Sua valorização se trata do olhar majoritariamente do público, apesar de existirem muitas razões técnicas e revolucionárias para que determinado artista seja considerado um gênio.
Os ambientes em que uma obra se encontra supostamente não deveriam caracterizar sua importância, entretanto, sua localização acaba por direta ou indiretamente influenciar a visão das pessoas sobre determinadas manifestações artísticas, além de que dependendo de sua categoria, mais distante será daqueles que não tem um poder monetário para usufruir dela.
É importante ter em mente que as funções internas do museu são de extrema importância para não só conservar e expor, mas também questionar diversos ocorridos durante a história, o ponto aqui está em apontar a maneira que esses museus o fazem e para quem. Muitos de seus ambientes transpassam uma ideia de magnificência, motivo pelo qual a imagem que percorre em nossas mentes é de um lugar a ser respeitado. São espaços trajados de elitismo em seu acesso ao ingresso, ao espaço, às cadeiras de artistas em exposição, e também à linguagem rebuscada desnecessária.
Uma nova geração de profissionais historiadores e curadores estão questionando cada vez mais quais e porque determinadas obras deveriam estar em museus. Alguns esforços seguem gerando ótimos debates, publicações, e exposições inéditas com artistas indígenas, pretos e artistas favelados, e é importante que esses esforços alcancem o público certo, e que através da mediação melhores aproximações sejam pensadas de forma a dialogar com esse.
Quanto mais distante de nós, mais supervalorizado algo pode se tornar. Existem milhares de obras de arte, apresentações musicais, performances entre outras manifestações artísticas feitas em espaços públicos de maneira que todos podem ver e apreciar, mas não a valorizamos o suficiente porque não apresenta um preço, não é categorizada em um nível hierárquico e não está rodeada de decorações e artefatos que contribuam para sua valorização.
A ideia aqui não é mostrar a beleza ou a falta dela, mas entender que seu lugar de permanência será sempre vinculado como atrativo ou desagradável e nem sempre o que consideramos mais digno de prestígio pode nos dar a melhor experiência, nos perguntarmos o porquê de estarmos consumindo certas coisas em detrimento de outras, e isso pode dar uma direção para discutir se estamos atribuindo valor a algo de acordo com seu status ou seu conteúdo.
Concepção: Katarina Tavares
Texto: Katarina Tavares e Thaíssa Machado
Edição de Texto: Thaíssa Machado
Edição da Capa: Katarina Tavares
Obra usada da Imagem:
1912
Oil on canvas. 100.5 x 135.5 cm
Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid
Inv. no. 660 (1978.15)
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