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É possível viver de Arte no Brasil?

Nem todo mundo pode se dar ao “luxo” de ser um artista ainda mais vivendo em um país do qual o governo atual não valoriza essa área.


Na reportagem do jornal Folha de São Paulo, Cultura perde metade de seu orçamento federal na última década e segue em queda, escrito por Eduardo Moura, mostra a realidade a respeito da redução de verba que vem desde o governo Dilma e o hoje com o presidente Jair Bolsonaro, convive com ataques da gestão de Mário Frias, secretário especial da cultura.


A cultura é um setor que gera renda para várias que ultrapassam os campos artísticos, logo outros setores são afetados com essa realidade de descaso. Um exemplo disso é a demora com os mecanismos de incentivo da Lei Rouanet (1) e dos editais da Ancine (2). É nítida como a má divisão de recursos e as condições sociais prejudicam o processo do fazer artístico de um artista.


Essa realidade pode desanimar muitos artistas em sua caminhada, mas como afirma Mozart (3), para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor (4). Talento não basta, é preciso mais, é preciso se reinventar, usar de sua criatividade para estabelecer conexões. Usando da própria arte que tem o poder de atrair admiradores e dessa forma criar uma comunidade em torno das obras de determinado artista.


O fanzineiro Roger BeatJesus (5) é um exemplo de artista que luta todos os dias para viver de sua arte. Para isso, ele buscou formação em gestão de finanças e editoração gráfica. Como ele não possui impressora, buscou por uma solução de baixo custo. Percebendo que em lugares públicos como bibliotecas, ONGs, igrejas e universidades possuem impressoras, sugeriu parcerias com as instituições, oferecendo alguma oficina, ou fazendo algum informativo, para conseguir imprimir seus trabalhos.

Fotografia: Martin de Arriba

Fotografia retirada do Facebook do Roger BeatJesus. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/rogerbeatjesus


No começo o fanzineiro abordava as pessoas nas ruas para vender suas produções. Depois, a partir de um mapeamento feito por ele, buscou oferecer a pessoas com condições de comprar em grandes quantidades, como coletivos, escolas, instituições, entre outros. Além de elaborar roteiros para abordar cada público específico para oferecer suas obras.

Muitos fanzineiros desistem no começo por falta de planejamento e estudo, por esse motivo Roger adverte em relação a preparação e a persistência de lutar por aquilo que gosta e tem talento para exercer. Sempre há um jeito e um meio para conseguir realizar o que ama fazer. Atualmente, ele divulga seus trabalhos nas suas redes sociais*, utilizando-as como um meio de vender seus fanzines para vários lugares do Brasil.

Não é fácil ser artista em um país que não investe em seus talentos, mas a persistência de muitos tem motivado muitos a lutar pela sua arte e usá-la como um meio de se impor diante dessa realidade desanimadora. Enfim, a atitude que cabe é aquela que está no samba composto por Paulo Vanzolini, Levanta, sacode a poeira

E dá a volta por cima.


 

Texto: Katarina Tavares

Edição: Thaíssa Machado



1. A Lei Rouanet, oficialmente Lei Federal de Incentivo à Cultura é a denominação dada à Lei nº 8.313 do dia 23 de dezembro de 1991.

2. A Agência Nacional do Cinema é um órgão oficial do governo federal do Brasil, constituída como agência reguladora, com sede na cidade de Brasília, cujo objetivo é fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e vídeofonográfica nacional.

3. Wolfgang Amadeus Mozart foi um prolífico e influente compositor austríaco do período clássico.

4. Wolfgang Amadeus Mozart citado em "Gerente Também é Gente... Um Romance sobre Gerência de Projetos" - Página 209, André B. Barcaui - Brasport, 2006, ISBN 8574522570, 9788574522579 - 240 páginas.

5. O paulistano Roger BeatJesus é referência em Fanzine no Brasil. Para saber mais siga ele nas redes sociais @rogerbeatjesus



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Porque Mira é relevante?

MIRA é necessário como forma de mostrar em uma plataforma como a parceria entre a UNIFESP e a Ouvidor gerou frutos que ascendem para debates sobre arte e seu espaço, além de instigar a curiosidade e criatividade dos envolvidos, tanto alunos quanto artistas. Reunir e registrar esses encontros e trabalhos é alçar para perpetuidade esse projeto que demandou muito suor dos criadores: a arte tá na MIRA!

Amanda Raiol

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